A partir desta segunda-feira
(23), a Ufal Campus do Sertão sedia a SBPC Afro-Indígena, que tem como objetivo
discutir questões étnicas raciais relacionadas ao povo negro e indígena. A
programação, que se estende até a terça-feira (24), é composta de
mesas-redondas, conferências e oficinas, e também contará com mostra de
curtas-metragens relançamento de títulos e o espaço infantil Erê, Ibeji e
Curumim.
A coordenadora do evento, professora
Ana Cristina Conceição Santos, explica que o evento tem como proposta trazer
toda a produção científica em torno das relações étnico-raciais. “Estarão
presentes convidados de várias universidades do país mostrando que se discutir
a questão afro e a questão indígena vai além da cultura, tem toda uma história,
uma questão social que perpassa aqui no país”, ressalta.
A educadora enfatiza que
este é o momento de socializar pesquisas e projetos de extensão desenvolvidos
no campus sobre o tema. “É um momento oportuno de socialização; para mostrar a
discussão em torno das relações étnico-raciais. É um campo muito vasto,
pensando na questão da história, pensando na questão social, questões que vai
envolver ideologia, porque temos uma ideologia posta no nosso Brasil de que não
existe racismo, que vivemos numa democracia racial e isso tudo é falácia”, diz.
Ana Cristina destaca o
papel da Universidade Federal de Alagoas no processo. “No sertão alagoano
existem várias comunidades quilombolas e indígenas, então, a presença desses
grupos é bastante forte. A Ufal, Campus do Sertão, está em todo momento
provocando essas discussões, e a presença da SBPC no campus durante esses dois
dias as potencializará. Será um momento de socialização de pesquisas e de
amadurecimento teórico não só para estudantes, mas para toda a sociedade”,
ressalta.
Ela frisa ainda os debates
em torno da Lei 10.639/03, que que versa sobre o ensino da história e
cultura afro-brasileira e africana, e da Lei 11.645/08, que prevê a
inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. “A
conferência de abertura vai ser em torno da aplicabilidade da Lei 10. 639, que
já completou 15 anos e a gente não vê sua total efetivação aqui nas escolas,
quer sejam públicas, quer sejam privadas, nem nas universidades, além da Lei
11.645 de 2008, que vai também tornar obrigatório a história e cultura indígena
nas escolas, quer seja em educação básica, quer seja no ensino superior”.
O professor e vice-reitor
José Vieira, considera a SBPC Afro-Indígema um grande diferencial. “Isso é
muito significativo, pois estamos num contexto recente em que a Serra da
Barriga foi tombada como patrimônio cultural do Mercosul e evoca toda uma
história de resistência, tanto de ex-escravos como de indígenas que nesse
contexto da expansão do açúcar e da cultura canavieira acabaram incorporados a
esse setor produtivo de forma coercitiva, mas resistindo de diversas formas,
inclusive com os famosos mocambos, quilombos”, comentou.
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