Por enquanto, o fato é o
certame, que ofereceu 1060 vagas, já está sendo investigado pelo setor de
inteligência da Segurança Pública.
Na última sexta-feira, 10,
um homem foi preso por desacato depois de denunciado por vizinhos por conta de
som alto no bairro Santa Lúcia, parte alta da capital. A farra era, na verdade,
a comemoração pela aprovação no Concurso Público para ingresso na Polícia
Militar de Alagoas, cujo resultado foi divulgado naquele mesmo dia. Chamou
atenção a ficha do sujeito - ele teria
no "currículo" 7 prisões - e
um outro fato que não preenche os requisitos do certame, ele só teria a 4ª
série do Ensino Fundamental. Com isso, a polícia também vai investigá-lo por
suspeita de fraude. Paralelamente, uma outra denúncia dá conta de que um grupo
de União dos Palmares, cerca de 150 pessoas, que teria comprado o gabarito da
prova realizada no dia 15 de agosto. As respostas corretas da prova teriam sido
clonadas, e daí viria a aprovação de presidiários ou ex-presidiários. O TNH1
teve acesso inclusive a nomes de supostos fraudadores, incluindo filhos de
políticos influentes da cidade, que fica na Zona da Mata do estado. Nos grupos
de WhatApp do interior, circulam prints que apontam que os fraudadores
obtiveram a mesma pontuação em todas as disciplinas da prova.
Diante de tantas denúncias -
some-se a isso um tentativa de fraude por ponto eletrônico no concurso da
Polícia Civil também aqui em Alagoas - o concurso da PM enfrenta agora rumores
de um possivelmente cancelamento, mas nada oficial, até o momento. Por
enquanto, o fato é o certame, que ofereceu 1060 vagas, já está sendo
investigado pelo setor de inteligência da Segurança Pública.
O que diz o Cebraspe? Em
nota sobre a prisão do ex-detento e do grupo de União dos Palmares, a
organização não comenta a possibilidade de suspensão das provas, apenas
ressalta que os procedimentos de segurança não se limitam ao momento de
aplicação das provas, abrangendo todas as etapas do certame. O centro diz ainda
que é possível a identificação e a eliminação de pessoas que possam ter se
utilizado de meios ilegais mesmo após a aplicação das provas. Na prática, a
polícia precisa de provas muito maiores do que os prints de WhatsApp.
"O Cebraspe informa que
os procedimentos de segurança do Centro não se limitam ao momento de aplicação
das provas e abrangem todas as etapas do certame. Assim, é possível a
identificação e a eliminação de pessoas que possam ter se utilizado de meios
ilegais mesmo após a aplicação das provas. Informa, ainda, que, conforme o
edital do certame da Polícia Militar do Estado de Alagoas (PMAL), se, a
qualquer tempo, for constatado, por meio eletrônico, estatístico, visual,
grafológico ou por investigação policial, que o candidato se utilizou de
processo ilícito, suas provas serão anuladas e ele será eliminado do concurso
público. Por oportuno, esclarece-se que o Centro já se colocou à disposição da
polícia e é o maior interessado em esclarecer os fatos".
Secretaria de Segurança
Pública - em meio às denúncias, ainda nesse sábado, 11, o secretário Alfredo
Gaspar de Mendonça se manifestou no Twiiter (abaixo), dizendo que determinou
investigação pela polícia.
"@Alfredogaspar_ Determinei a inteligência da segurança
pública a investigação das notícias de irregularidades no concurso realizado
para PM. Sendo confirmada, o(s) bandido(s) será(o) preso(s) e excluído(s) do
certame. A SSP não faz parte do organização do concurso, mas ajudará no
esclarecimento".
Secretaria de Planejamento -
A Seplag se manifestou em nota sobre a prisão do homem preso nesse sábado,
ressaltando que já fez contato com a organização do concurso para apurar os
fatos, reforçando que "todo cidadão está apto a fazer a prova, desde que
cumpra os requisitos previstos no edital, e que, para além dos exames, há,
ainda, outras etapas eliminatórias que integram o certame". O que indica
que mesmo quem entrou por meio de meios fraudulentos ainda enfrentará outras
etapas, como a investigação social e teste de aptidão física. Sobre o grupo que teria comprado o gabarito
da prova, a Secretaria aguarda um retorno do Cebraspe.
Segundo os especialistas, em
tese, quem tem antecedentes criminais podem sim concorrer a concurso público,
desde que o processo não tenha tido a condenação definitiva, juridicamente
conhecido como "trânsito em julgado". Nesse caso o inusitado de um
candidato com vasta ficha de crimes concorrer a uma vaga de policial pode ficar
só na ironia mesmo.
"A Secretaria de Estado
do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) informa que já entrou em contato
com o Cebraspe, banca responsável pela organização do concurso da PMAL, para
que seja feita a apuração dos fatos. A Seplag reforça que todo o cidadão está
apto a fazer a prova, desde que cumpra os requisitos previstos no edital, e
que, para além dos exames, há, ainda, outras etapas eliminatórias que integram
o certame. Caso haja comprovação de que algum candidato fez uso de meio ilícito
durante a realização das provas, ou que não cumpre as demais premissas do
concurso, este será eliminado do processo. A Secretaria vem acompanhando de
perto todas as tratativas relacionadas ao certame, no intuito de assegurar a
sua lisura e, também, de garantir que o melhor quadro de candidatos seja, de
fato, selecionado para apoiar o desenvolvimento do estado de Alagoas".
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