A
notificação não só advertia, mas informava que caso ela insistisse na
fabricação dos bolos seria imediatamente multada e taxada com uma porcentagem
em cima da taxa condominial.
Mãe
solo de cinco crianças, quatro autistas e uma com TDAH, a jovem baiana Luana
Rodrigues de Araújo, de 42 anos, que há 15 faz e vende bolos para complementar
a renda familiar e pagar os tratamentos dos filhos, foi impedida de fabricar
seus bolos caseiros no condomínio onde mora, no bairro do Pinheiro, em Maceió.
Amigos criaram uma campanha para ajudá-la a conseguir um local onde possa
cozinhar.
Na
última quarta-feira (29 de novembro), a bacharel em Direito e confeiteira
recebeu uma notificação via WhatsApp de que um morador do condomínio havia
denunciado que ela estaria usando o apartamento onde mora como uma confeitaria,
o que não é permitido pelo regimento interno do condomínio. A notificação não
só advertia, mas informava que caso ela insistisse na fabricação dos bolos
seria imediatamente multada e taxada com uma porcentagem em cima da taxa
condominial.
“Eu
recebi a notificação junto com um áudio do síndico, que é muito gente boa, se
justificou, mas disse que foi decorrente da reclamação de um morador e que ele,
como síndico, teria que acatar”, explicou Luana.
Luana
conta que estava no carro, indo buscar os filhos na escola e na terapia quando
recebeu o aviso de síndico e a ligação do administrador do condomínio, em
seguida. “Me segurei porque estava com as crianças, mas ao chegar em casa
desabei no choro”.
Luana
disse que mudou para o condomínio em 2020, durante a pandemia, e que nunca
nenhum vizinho ou condômino reclamou por ela fazer bolos caseiros para vender.
Ela trabalha como assessora técnica no Tribunal de Justiça de Alagoas, há dois
anos, tem deficiência visual e fabrica os bolos em casa para complementar a
renda e poder pagar o seu tratamento e os tratamentos dos cinco filhos.
“Comecei
a fazer e vender bolos em 2008. Na época, para ajudar minha mãe que vendia
trufa e o lucro que ela tinha era muito pouco. Eu estava cursando Direito,
estagiando, grávida do primeiro filho. Então, decidimos que venderíamos os
bolos e as trufas. Uma semana depois, minha mãe faleceu e decidi seguir
vendendo os bolos sozinha. Isso me tirou da depressão e tem me ajudado desde lá
a pagar meu tratamento, pois tenho problemas na retina. Fiz cirurgia, mas não
resolveu e tenho a visão comprometida. Desde que tive meus filhos e me
divorciei é a venda dos bolos que me ajuda a pagar as contas e o tratamento
deles”, explica.
Luana
foi vítima de violência intrafamiliar e doméstica. Segundo ela, ser proibida de
fabricar os seus bolos caseiros, na cozinha de sua casa, é mais um desafio
imposto pela vida. Ela afirma que não usa seu apartamento como confeitaria,
conforme a notificação aponta, mas que precisa vendê-los para conseguir pagar
as contas e proporcionar os serviços de saúde necessários aos filhos, quatro
meninos: de 14 anos (autista, tratando depressão), 11 anos (autista, TDAH e
transtorno de ansiedade), 7 anos e 5 anos (ambos autistas); e uma menina de 8
anos (TDAH e dislexia).
“Hoje
eu tenho 50% da visão do olho direito, não tenho visão do olho esquerdo, e
ainda assim consigo cuidar dos meus filhos, fazer meus bolos e tocar a vida.
Mas agora, diante dessa proibição não sei como farei. Não tem fundamento
alegarem que eu tenho uma confeitaria, pois não tenho uma demanda tão grande e
não tenho nenhum equipamento ou eletrodoméstico profissional. Tudo que quero é
poder voltar a fazer meus bolos para conseguir pagar minhas contas e os
tratamentos dos meus filhos”, acrescentou.
Ao
ver Luana preocupada e sem perspectiva de voltar a fabricar os bolos em sua
casa, uma amiga dela resolveu criar uma campanha para arrecadar recursos e
ajudá-la a alugar um espaço e comparar os eletrodomésticos e objetos que ela
precisa para continuar fabricando os bolos. Desta amiga, Luana ganhou uma mesa
e uma vizinha do condomínio disse que vai doar um fogão.
“Já
vi um lugar perto da minha casa e quero alugar para fabricar meus bolos lá. No
entanto, preciso mesmo de ajuda para comprar uma estufa, um balcão, uma
geladeira, entre outros objetos, para conseguir fabricar meus bolos e voltar a
vendê-los como sempre fiz. As contas estão chegando, meus filhos precisam
seguir com seus tratamentos e tudo que eu quero é só poder trabalhar para isso,
sabe? Estou contando com a ajuda das pessoas, mas é difícil. Só um milagre!”,
concluiu.
Luana
fabrica bolo de pote, vulcão, gourmet, com chantinho, além de torta salgada e
sanduiches.
Quem
quiser e puder ajudar Luana a montar sua cozinha e pagar o primeiro aluguel do
local para ela fabricar seus bolos e manter a renda complementar, necessária e
importante para sua família, pode doar qualquer valor por meio da chave PIX:
036.671.364.71.
Fonte: Cada Minuto.
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