Segundo
a ONU, em outubro do ano pasasdo, os israelenses e o Hezbollah trocaram fogo
durante alguns instantes. Houve uma interrupção de 40 minutos e, nesse momento,
os jornalistas se aproximaram. E daí Israel voltou a disparar. Foi nesse
momento que um jornalista da Reuters morreu.
Um
tanque israelense matou o repórter da Reuters Issam Abdallah no Líbano em
outubro do ano passado ao disparar dois projéteis de 120 mm contra um grupo de
"jornalistas claramente identificáveis", violando a lei
internacional, segundo uma investigação recente da Organização das Nações
Unidas (ONU).
A
investigação da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) disse que
um tanque Merkava israelense abriu fogo contra o Líbano depois de 40 minutos
sem nenhuma troca de tiro.
"O
disparo contra civis, nesse caso, jornalistas claramente identificáveis,
constitui uma violação da Resolução 1701 (2006) do Conselho de Segurança das
Nações Unidas e do direito internacional", disse o relatório da Unifil.
O
relatório de sete páginas, de 27 de fevereiro, diz ainda: "Avalia-se que
não houve troca de tiros através da Linha Azul no momento do incidente. O
motivo dos ataques contra os jornalistas não é conhecido".
Desde
2006, as forças de paz da ONU monitoram um cessar-fogo ao longo da linha de
demarcação de 120 km, ou Linha Azul, entre Israel e os combatentes do
Hezbollah, do Líbano.
Como
parte de sua missão, as tropas da ONU registram as violações do cessar-fogo e
investigam os casos mais graves.
Além
de matar Abdallah, os dois disparos do tanque também feriram outros seis
jornalistas que estavam no local.
Questionado
sobre o relatório da Unifil, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Nir
Dinar, disse que o Hezbollah atacou as Forças de Defesa de Israel perto da
comunidade israelense de Hanita em 13 de outubro. As Forças de Defesa de Israel
responderam com artilharia e fogo de tanque para eliminar a ameaça e,
posteriormente, receberam um relatório de que jornalistas haviam sido feridos.
"As
Forças de Defesa de Israel lamentam qualquer ferimento em pessoas não
envolvidas e não atira deliberadamente em civis, incluindo jornalistas",
disse Dinar.
"As
Forças de Defesa Israelenses consideram a liberdade de imprensa de extrema
importância e esclarecem que estar em uma zona de guerra é perigoso",
afirmou ele.
Ele
disse que o Mecanismo de Apuração e Avaliação de Fatos do Estado-Maior, o órgão
responsável pela análise de eventos excepcionais, continuará a examinar o
incidente.
De
acordo com o site das Forças de Defesa de Israel, a equipe de apuração de fatos
submete suas análises ao departamento de assuntos jurídicos dos militares israelenses,
que decide se um caso merece uma investigação criminal.
Imagens
do incidente
A
editora-chefe da Reuters, Alessandra Galloni, pediu a Israel que explique como
o ataque que matou Abdallah, de 37 anos, poderia ter acontecido e que
responsabilize os culpados.
O
relatório da Unifil foi enviado à Organização das Nações Unidas em Nova York em
28 de fevereiro e foi compartilhado com as Forças Armadas libanesas e
israelenses, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto.
"As
Forças de Defesa de Israel devem conduzir uma investigação sobre o incidente e
uma revisão completa de seus procedimentos na época para evitar que o fato se
repita", disse o relatório em suas recomendações. "As Forças de
Defesa de Israel devem compartilhar as conclusões de sua investigação com a
Unifil."
Para
sua investigação, a Unifil enviou uma equipe para examinar o local em 14 de
outubro, e também recebeu contribuições das Forças Armadas libanesas e de uma
testemunha não identificada que estava presente na colina quando os ataques
ocorreram, disse o relatório.
Os
detalhes dos incidentes na área de operações da Unifil são incluídos nos
relatórios regulares do secretário-geral da ONU sobre a implementação da
resolução 1701 do Conselho de Segurança. As investigações da Unifil, no entanto,
não costumam ser divulgadas e a Reuters não conseguiu determinar se haveria
algum acompanhamento da ONU.
O
porta-voz da Unifil, Andrea Tenenti, disse que não estava em posição de
discutir a investigação.
Investigação
da própria Reuters
A
própria Reuters fez uma investigação, publicada em 7 de dezembro, que mostrou
que sete jornalistas da Agence France-Presse, Al Jazeera e Reuters foram
atingidos por dois tiros de 120 mm disparados por um tanque a 1,34 km de
distância em Israel.
O
grupo de repórteres estava filmando bombardeios transfronteiriços à distância
em uma área aberta em uma colina perto do vilarejo libanês de Alma al-Chaab por
quase uma hora antes do ataque.
No
dia seguinte, as Forças de Defesa de Israel disseram que já tinha imagens do
incidente e que ele estava sendo investigado. As Forças de Defesa de Israel não
publicaram um relatório de suas conclusões até o momento.
A
Unifil disse em seu relatório que enviou uma carta e um questionário aos
israelenses, solicitando sua assistência. As Forças de Defesa de Israel
responderam com uma carta, mas não responderam ao questionário.
A
Reuters não viu uma cópia da carta das forças israelenses, cujo conteúdo foi
resumido no relatório da Unifil.
Fonte:
G1.
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