Dona
Deolira chamou a atenção de pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano
e Células-tronco e pode ir para o Guinness Book por ser uma das mulheres mais
velhas do mundo.
Qual
o segredo da longevidade? Essa é a pergunta que pesquisadores do Centro de
Estudos do Genoma Humano e Células-tronco da Universidade de São Paulo (USP)
buscam responder ao tentar conhecer melhor quem é a moradora de 119 anos de
Itaperuna, no Noroeste do Estado do Rio.
Dona
Deolira Glicéria Pedro da Silva nasceu em 1905 em Porciúncula, também no
Noroeste do estado, mas há quase dois anos mora em Itaperuna. Ela completou 119
anos em 10 de março e é considerada uma das mulheres mais velhas do mundo.
De
acordo com o Guinness Book, o livro que registra os recordes, a pessoa mais
velha do mundo fez 117 anos no dia 4 de março e vive em uma casa de repouso na
Catalunha, na Espanha. Mas a família de Deolira acredita que ela bate o recorde
da espanhola sendo a mais idosa do planeta.
"É
difícil superar minha avó, viu? Ela era muito ativa em casa. Cuidava da casa,
quintal, tratava dos porcos e das galinhas. Em relação à alimentação, ela só
não come abacaxi porque tem alergia. Ela dá um banho na gente! Acho que a vó
chega aos 130 anos e a gente vai embora", disse a neta Doroteia Ferreira
da Silva, que é uma das cuidadoras de dona Deolira.
A
contagem dos integrantes da família demora um pouco para ser feita, mas
Doroteia garante que não tem erro. "A família é muito grande, a vó é a
única irmã viva, os outros três irmãos já morreram. Ela tinha sete filhos, mas
apenas três estão vivos. São 20 netos, 40 bisnetos e 37 tataranetos," contabiliza
a cuidadora.
De acordo com o médico geriatria, Dr. Juair de Abreu Pereira, que acompanha a idosa há dois anos, as condições de saúde de Deolira são muito boas.
"Dona
Deolira está interativa e lúcida. Está muito bem na avaliação geriátrica ampla,
porém, por conta da idade avançada, não caminha e apresenta um pouco de perda
auditiva".
O
médico ainda explica que a idosa não faz uso de medicamentos para qualquer
comorbidade, como hipertensão ou diabetes. "Na minha avaliação ela está
muito bem de saúde e sendo muito bem cuidada pela família. Deus abençoe, dona
Deolira", disse.
Segundo
o médico, a família não sabia como tentar fazer o registro da quebra de recorde
de pessoa mais velha do mundo no Guinness Book, mas disse que as provas
necessárias já estão sendo enviadas para avaliação.
Locomoção
A
idosa se locomove usando cadeira de rodas por conta de uma queda, segundo outra
neta, Leida Ferreira da Silva, de 63 anos, ao g1.
"Minha
vó usa cadeira de rodas porque caiu e fraturou a bacia, mas não precisou
operar. Meu tio, na época, não deixou [realizar a operação]. A cadeira,
inclusive, está bem velhinha".
Estudo
de pesquisadores da USP
O
caso de dona Deolira chamou a atenção de um grupo de pesquisadores do Centro de
Estudos do Genoma Humano e Células-tronco da USP. Em um laboratório da
universidade, o sangue da idosa, que foi colhido em Itaperuna, será analisado.
As
células serão estudadas e a longevidade será alvo de uma pesquisa coordenada
pela doutora Mayana Zatz. O grupo conta com a doutoranda Monize Silva e o doutor
Mateus Vidigal.
"O
Genoma-USP tem estudado centenários brasileiros com o objetivo de analisar e
entender a contribuição da genética na longevidade e qualidade de vida",
explicou o doutor Mateus Vidal, em entrevista ao g1 e à Inter TV.
Ele
afirma que, segundo o último Censo, o Brasil conta com aproximadamente 37 mil
centenários, o que representa 0,02% da nossa população, ou seja, "uma
população extremamente rara".
"Também
temos estudado a longevidade excepcional, que são indivíduos com mais de 110
anos que tiveram sua idade validada por organizações internacionais. O caso de
dona Deolira é uma raridade a ser estudado porque ela passa em, pelo menos, 50
anos da expectativa de vida do brasileiro, que é de cerca de 75 anos. Ela
também passou por uma pandemia de Covid-19. Então, temos muito interesse em
estudá-la por todas estas razões", disse.
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