Nos últimos dois anos, a
polícia apreendeu pelo menos 50 bombas em Maceió. Três pessoas morreram nesses
ataques.
A Justiça de Alagoas levaou
11 dirigentes de torcidas organizadas para o banco dos réus por organização
criminosa. A polícia e o Ministério Público declararam guerra contra a
violência de falsos torcedores. Segundo a investigação, o que eles faziam era
levar o terror às ruas — com explosão de bombas, agressões e mortes.
Por um ano, as investigações
mapearam esses ataques. Nos últimos dois anos, a polícia apreendeu pelo menos
50 bombas em Maceió. Três pessoas morreram nesses ataques.
Uma bomba dessas bombas
também mutilou a mão de um catador de latinhas. Ela estava escondida em uma
lixeira.
“Como eles não conseguem
acessar os estádios de futebol, com os artefatos, eles acabam — dias antes —
deixando eles escondidos nas proximidades [dos estádios]. Quando eles conseguem
ter oportunidade, eles vão lá, alcançam esses artefatos que eles sabem onde
previamente esconderam, para usar na guerra”, explicou Lucimério Barros Campos,
delegado de polícia.
Uma batalha urbana flagrada
de vários ângulos.
Em Maceió, as torcidas
organizadas do CSA e do CRB se encontravam para assistir aos jogos no estádio
"Rei Pelé". De acordo com as investigações lá dentro, praticamente
não havia confusão. A violência mesmo era do lado de fora. O alvo? Qualquer
pessoa com a camisa de um dos times. E, para combater esse tipo de crime,
polícia e Ministério Público mudaram a forma de agir.
“Aquela associação de
pessoas ali, ela tinha perdido completamente a relação com o futebol, e estava
tendo uma relação agora com a criminalidade", disse o delegado.
Segundo as investigações,
nas sedes das organizadas, os falsos torcedores fabricavam as bombas. Em
conversas obtidas pelo Fantástico, um deles diz: “Demorou, mas eu já tô
chegando lá pra nós tá fazendo aqui as bombas".
No dia em que o catador foi
atingido, eles colocaram fotos do ferido nesse grupo de mensagens e fizeram comentários
com risadas.
Crime e intolerância
No dia 4 de maio de 2023, o
CSA perdeu para o Confiança numa partida da Série C do Campeonato Brasileiro.
Logo depois do jogo, o torcedor Pedro Lúcio dos Santos, conhecido como “Peu”,
foi atacado, segundo a polícia, por 12 homens da torcida do CRB, após comer
numa lanchonete ao lado do estádio. Espancado com pedras, paus e barras de
ferro, ele morreu três dias depois.
Peu era torcedor do CSA e
pai de um goleiro das divisões de base do rival CRB. As investigações descobriram
que — horas antes desse ataque — o mesmo grupo investiu contra um motoqueiro,
só porque ele estava com uma camisa do CSA.
Este mês, a Justiça aceitou
a denúncia e manteve 15 prisões. Eles se tornaram réus por organização
criminosa, uso indevido de símbolos oficiais e associação para o tráfico. As
torcidas do CRB e do CSA também não podem vender produtos, nem entrar no
estádio.
“Os presos, eles eram
peças-chave, eles eram da diretoria, eles eram presidente, vice-presidente das
torcidas organizadas”, explicou a promotora Sandra Malta.
Em nota, a torcida
organizada Comando Alvi-Rubro, do CRB, disse que não foram encontrado nenhum
material ilícito na sede e que não busca a impunidade dos criminosos, mas quer
um processo justo.
A torcida Mancha Azul do CSA
também afirma que nada de ilícito foi encontrado na sede. No caso das bombas,
os nove suspeitos presos não ligação com a entidade e que, em nenhum momento,
foi procurada para esclarecer tais acusações.
Fonte: Fantástico.
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