Governistas saíram em defesa
do Supremo Tribunal Federal (STF) após reportagem do jornal Folha de S.Paulo
sobre a atuação de Alexandre de Moraes contra bolsonaristas, enquanto
oposicionistas falaram em uso de “artifícios ilegais” por parte do ministro.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo aponta suposto uso informal da estrutura do TSE sob a presidência de Moraes para subsidiar investigações contra bolsonaristas no STF
Governistas saíram em defesa
do Supremo Tribunal Federal (STF) após reportagem do jornal Folha de S.Paulo
sobre a atuação de Alexandre de Moraes contra bolsonaristas, enquanto
oposicionistas falaram em uso de “artifícios ilegais” por parte do ministro.
Sob reserva, aliados políticos
e jurídicos e ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ouvidos
pela CNN falaram sobre a necessidade de proteger a imagem de Moraes como um
“defensor da democracia”.
Para o entorno de Lula, o
suposto uso informal da estrutura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a
presidência de Moraes para subsidiar investigações contra bolsonaristas no
Supremo tem pouco impacto jurídico, mas um potencial político relevante.
Um amigo de Lula disse que
as mensagens trocadas entre subordinados de Moraes reveladas pela reportagem
devem servir para alimentar perfis bolsonaristas nas redes sociais, que
buscarão tachar o caso como uma “Vaza Jato da direita” – em comparação com as
revelações envolvendo a força-tarefa da Operação Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro.
Falando à CNN nesta
quarta-feira (14), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira,
defendeu o ministro. “Moraes colheu provas lícitas. Fazer qualquer relação
desse fato com a ‘Vaza Jato’ só tem um objetivo: querem usar esse fato para
absolver o Jair Bolsonaro”, declarou.
Já o vice-presidente e
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB),
afirmou, também nesta quarta, que o Brasil “deve muito” a Moraes. “Grande
jurista, retidão e compromisso com a questão ética e legal”, declarou.
Oposição quer impeachment
No lado da oposição,
parlamentares têm sugerido a abertura de um processo de impeachment contra o
ministro do STF e ex-presidente do TSE.
“Tem que ser exigida a
anulação de todos esses atos do TSE, sobre o presidente [Jair Bolsonaro, do PL,
hoje ex-presidente], do Alexandre de Moraes, o impeachment de Alexandre de
Moraes e o fim desses inquéritos das fake news”, afirmou o deputado federal
Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Outro filho do
ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também pediu a extinção de
“todos os julgamentos” contra seu pai em que Moraes teve participação, dada
“sua pré-disposição de condená-lo”. “Moraes deve responder por atentado contra
a democracia”, afirmou.
No Senado, estão sendo
colhidas assinaturas para a abertura de um processo de impeachment contra
Moraes. Já na Câmara, parlamentares têm articulado pela instauração de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema.
Outra ação da oposição veio
do partido Novo, que apresentou uma queixa-crime à Procuradoria-Geral da
República (PGR) contra Moraes por falsidade ideológica e formação de quadrilha.
Coleta pública por
impeachment
A oposição pretende
apresentar o pedido de impeachment contra Moraes apenas em setembro, em decisão
baseada em dois motivos, segundo apurou a CNN: a expectativa por novas
revelações da Folha de S.Paulo e a pretensão de angariar força política ao
pedido.
Senadores querem realizar
uma coleta pública de assinaturas pelo impeachment do ministro até 7 de
setembro – dia em que se celebra a Independência do Brasil e que, nos últimos
anos, foi data de protestos de rua da direita -, entregando o documento ao
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 9 de setembro.
Até o momento, a expectativa
é que Pacheco não avance com os pedidos no Senado, por entender que ainda não
há elementos suficientes para dar encaminhamento ao processo, apurou a CNN com
fontes próximas ao presidente do Congresso.
Ministros do STF saem em
defesa
Se no meio jurídico há
divergências sobre a conduta de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF),
ministros têm saído em defesa do colega de Corte.
Em evento em Brasília, o
ministro Flávio Dino disse, nesta quarta, que “aquele que cumpre seu dever é
atacado”. “Não consegui encontrar em que capítulo, que preceito isso (revelação
da Folha de S.Paulo) viola qualquer tipo de determinação da nossa ordem
jurídica”, afirmou.
Já o presidente do STF, Luís
Roberto Barroso, falou, durante abertura de sessão na Corte, em “tempestade
fictícia” contra Moraes. “Todas as informações que foram solicitadas pelo
ministro Alexandre de Moraes referiam-se a pessoas que já estavam sendo
investigadas, portanto, inquéritos que já estavam abertos”, declarou.
Posição de Moraes
Nesta quarta-feira (14),
Alexandre de Moraes se manifestou publicamente pela primeira vez sobre a
reportagem da Folha de S.Paulo. Moraes afirmou que “todos os procedimentos
foram realizados no âmbitos de investigações já existentes“.
O ministro já tinha se
manifestado por meio de nota de seu gabinete, em que afirma que, no curso das
investigações, diversas determinações, requisições e solicitações foram feitas
a inúmeros órgãos, inclusive ao TSE.
“Os relatórios simplesmente
descreviam as postagens ilícitas realizadas nas redes sociais, de maneira
objetiva, em virtude de estarem diretamente ligadas às investigações de
milícias digitais”, declarou na nota.
“Todos os procedimentos
foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e
investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral
da República”, acrescentou.
CNN BRASIL
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