Polícia cumpre 19 mandados
de prisão e um dos alvos é a influenciadora Deolane Bezerra. Outros 24 mandados
de busca e apreensão são cumpridos em seis estados.
O Ministério da Justiça e
Segurança Pública (MJSP) informou que cerca de R$ 3 bilhões foram movimentados
por uma quadrilha que usava empresas de eventos e casas de câmbio para lavar
dinheiro de jogos ilegais. O grupo foi alvo da terceira fase da operação
"Integration" nesta quarta-feira (4).
Foram expedidos 19 mandados
de prisão. Entre os presos, estão a advogada e influenciadora Deolane Bezerra e
a mãe dela, Solange Bezerra. Entretanto, não foi divulgada qual seria a
participação delas nos supostos crimes.
A prisão de Deolane
aconteceu em um hotel no bairro de São José, na região central do Recife; em
uma carta divulgada após a prisão, ela nega participação em crimes. Os nomes
dos outros alvos não foram divulgados. Também foram expedidos 24 mandados de
busca e apreensão, cumpridos em seis estados: Goiás, Minas Gerais, Paraná,
Paraíba, Pernambuco e São Paulo.
De acordo com o MJSP, a
investigação contou com a participação das Polícias Civis dos estados em que
houve cumprimento de mandado e até mesmo da Interpol.
Segundo o inquérito, a
organização criminosa usava várias empresas de eventos, publicidades, casas de
câmbio e seguros para lavagem de dinheiro realizada por meio de depósitos e
transações bancárias.
Foram movimentados, de
janeiro de 2019 a maio de 2023, cerca de R$ 3 bilhões em contas correntes, em
aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes de jogos ilegais. O
ministério, no entanto, não detalhou quais são esses jogos e a participação dos
investigados no esquema.
O dinheiro, segundo o
ministério, era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações
bancárias entre os investigados com saque imediato do montante, compra de
veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da
compra de centenas de imóveis.
Os investigadores
identificaram transações atípicas de pessoas físicas e jurídicas, que indicam
indícios de crimes financeiros, sem nenhum suporte para as transações
comerciais e financeiras feitas pelo grupo.
Além disso, a maioria dos
integrantes tem padrão de vida incompatível com a renda e bens declarados.
A investigação começou em
abril de 2023, a partir da apreensão de R$ 180 mil em espécie em 1º de dezembro
de 2022. A apreensão foi realizada na Banca Caminho da Sorte, que pertence a
Darwin Henrique da Silva, pai do dono da Esportes da Sorte. A operação
"Integration" é a terceira fase da operação contra o grupo criminoso.
Não foram divulgados detalhes sobre as outras duas fases.
Uma das empresas que está
sendo investigada pela operação é a plataforma de apostas online Esportes da
Sorte, que patrocina times de futebol como o Corinthians, Athletico-PR, Bahia,
Grêmio, Palmeiras, Ceará, Náutico e Santa Cruz. Em nota, a empresa disse ter
compromisso com a verdade e com o cumprimento de seus deveres legais.
Prisão de Deolane
Deolane Bezerra mora em São
Paulo, mas nasceu em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco. Ela
estava em viagem com a família quando foi presa.
Após a prisão, mãe e filha
foram levadas para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri),
em Afogados, na Zona Oeste na cidade. A mãe de Deolane chegou a passar mal e
precisou ser levada para um hospital particular da cidade para ser atendida.
Em seguida, elas foram
levadas para fazer exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML),
cuja sede fica no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife. A TV Globo
registrou o momento em que a advogada e a mãe dela chegam numa viatura policial
e, em seguida, entram em uma sala (veja vídeo acima).
A advogada ficou pouco tempo
no local e saiu dentro de viatura, sem ser vista pela imprensa. Em seguida, ela
foi encaminhada à Colônia Penal Feminina do Recife, na Iputinga, na Zona Oeste
do Recife, onde chegou sob gritos de fãs que a esperavam. A audiência de
custódia deve acontecer na quinta-feira (5).
Bens apreendidos
De acordo com a Polícia
Civil de Pernambuco, também foi decretado o sequestro de bens como carros de
luxo, imóveis, aeronaves e embarcações de vários investigados (veja vídeo
acima). Também foi pedida a entrega de passaporte, suspensão do porte de arma
de fogo e cancelamento do registro de arma de fogo também de várias pessoas.
De acordo com a Polícia
Civil de Pernambuco, foram feitos bloqueios de ativos financeiros no valor de
mais de R$ 2,1 bilhões.
Segundo o delegado Renato
Rocha, apenas em um local foram encontrados 11 relógios da marca de luxo
"Rolex". Um dos alvos já é considerado foragido da Justiça.
Entre os bens apreendidos
estão:
2 helicópteros
1 avião
carros de luxo, sendo um na
mansão de Deolane Bezerra
embarcações
imóveis
joias
notas de dinheiro em euro e
dólar
bolsas de luxo
garrafas de vinho avaliadas
em torno de R$ 5 mil cada uma
O que diz a defesa
O escritório da advogada
Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes
sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes
específicos do processo "não só desrespeita o direito à privacidade da
investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça,
sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais".
"Ressaltamos que a Dr.
Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para
colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos.
Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas
as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para
responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações
inverídicas ou confidenciais de forma indevida", diz a nota.
Nas redes sociais, a irmã de
Deolane, Dayanne Bezerra, disse que a irmã e a mãe são inocentes.
"Mais uma vez, venho
aqui por minha cara a bater e falar que estamos sendo perseguidas. E que vamos
provar a nossa inocência, custe o que custar. Espero que não venham especular e
que não me perguntem nada. O que eu tinha para dizer, está dito aqui. E se eu
tiver alguma atualização, eu venho falar, porque nós não temos vergonha e nós
não devemos nada", disse a irmã.
O que diz a Esportes da
Sorte
Por meio de nota, a Esportes
da Sorte informou que "ratifica seu compromisso com a verdade, com o jogo
responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres
legais".
"A nossa casa está de
portas abertas para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar apoio
irrestrito a qualquer ação investigatória. Atuamos sempre com muita
transparência e lamentamos o fato de, no momento, estarmos às escuras, sem
acesso aos autos do inquérito e aos motivos da ação policial. Seguimos à
disposição para todo tipo de esclarecimento que seja necessário para elucidar
qualquer controvérsia", diz a nota.
O advogado do dono da
Esportes da Sorte, Pedro Avelino, disse em entrevista que ainda precisa
entender o contexto da operação.
"O que aconteceu hoje
foi um cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A gente vai se habilitar
dentro dessa representação para entender todo o contexto. É importante
registrar que a gente já se colocou à disposição da autoridade policial há mais
de um ano e meio. Então a gente acha estranho virem medidas tão gravosas como
mandado de prisão, mandado de busca e apreensão, quando a gente desde o início
da investigação vem cooperando com a polícia", disse o advogado.
Fonte: G1
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