Em pronunciamento na quarta-feira, 27, Haddad disse que a iniciativa será compensada com elevação da taxação para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês. Na véspera do anúncio, o dólar já havia encerrado o dia no maior patamar da história — R$ 5,91.
Pela primeira vez na história, o dólar ultrapassa o valor de R$ 6; valorização da moeda deve estimular mais recordes nas exportações de carnes, mas impacto em grãos deve ser limitado no curto prazo O agronegócio brasileiro é um pilar fundamental da nossa economia.
Para se ter uma ideia, as exportações do setor ultrapassaram a marca de US$ 82 bilhões só no primeiro semestre de 2024, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária. Logo, o mercado não consegue olhar para as constantes oscilações do dólar, que impactam diretamente o segmento, sem se preocupar. Nesta quinta-feira, 28, o dólar comercial disparou e atingiu R$ 6 pela primeira vez na história do Brasil, reagindo à fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o pacote fiscal do governo. O ponto de atenção do mercado é o impacto do anúncio do aumento da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Em pronunciamento na quarta-feira, 27, Haddad disse que a iniciativa será compensada com elevação da taxação para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês. Na véspera do anúncio, o dólar já havia encerrado o dia no maior patamar da história — R$ 5,91.
O dólar desempenha um papel crucial na economia mundial e principalmente para o agronegócio brasileiro, podendo beneficiar as exportações, mas, em contrapartida, aumentar os custos de insumos para produção.
Para o agro, a alta do dólar tem efeito dúbio: ao passo que melhora a rentabilidade com as exportações de produtos agropecuários, também aumenta o custo com insumos importados, como fertilizantes. “No geral é melhor do que ruim [a alta do dólar]. O saldo é positivo para o agronegócio, porque o produto se valoriza lá fora.
O agro exporta, e agora eles conseguem talvez exportar mais, pois a referência é o dólar. Então, se o dólar aumenta, a mercadoria também aumenta, é algo automático”, explicou o professor de economia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Maurício Munhoz.
No entanto, Maurício alerta que, mesmo com esse impacto positivo nas exportações, os produtores precisam equilibrar as vantagens com os desafios, principalmente do aumento dos custos de produção.
“Embora o aumento do dólar seja, no geral, positivo para as exportações, o produtor não pode esquecer que o custo dos insumos também sobe. Por isso, o impacto final depende de uma série de fatores, como a quantidade de insumos que o produtor precisa importar e a variação do mercado externo”, destacou o economista.
No entanto, a relação cambial é complexa, trazendo tanto desafios quanto oportunidades. As flutuações do dólar podem encarecer insumos importados essenciais para a produção agrícola, como fertilizantes, pesticidas e sementes. Esse aumento de custos pode impactar negativamente os resultados das companhias produtoras e, consequentemente, reduzir o volume de negócios no território nacional.
Além disso, a valorização da moeda dificulta a própria modernização do campo. Máquinas e equipamentos agrícolas como tratores e sistemas de irrigação, também muitas vezes adquiridos fora do país, tornam-se mais caros, limitando o acesso a ferramentas que possam aumentar a eficiência e a produtividade.
Na outra ponta da gangorra da perda de competividade do real frente ao dólar, a Markestrat explica que, o câmbio alto encarece mercadorias importadas, ocasionando aumento nos custos de produção e perda de poder monetário por parte da população. Alem disso, o agro pode sofrer com crédito mais caro.
“Se o receio do Banco Central com o retorno da inflação foi a tônica que justificou elevar a taxa básica de juros Selic para 11,25% em 6 de novembro, fato é que todo o Brasil está sendo exposto a ritmos maiores de encarecimento do crédito a partir de agora”, contextualiza a consultoria em relatório.
Com o cenário atual, a consultoria acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode optar, na reunião de dezembro, em elevar para “11,75% ou até mesmo 12%” a Selic. “Se até essa reunião do Copom o real prosseguir em desvalorização, a condição que se põe na mesa é simples: ou o Banco Central aumenta os juros para tentar segurar a disparada no câmbio, ou o governo mostra comprometimento com o Brasil e revisa os próprios interesses para 2026”, destacam os especialistas.
Fonte: Compre Rural
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